sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Os efeitos nocivos do Big Brother Brasil

...O programa Big Brother atrai um telespectador cognitivamente formatado para não questionar o propósito da indústria do entretenimento, alguém que suprimiu seu senso crítico e absorveu na sua cosmovisão uma apreciação a tudo que remete a banalização da vida em sociedade.


Embora tenha corrido na internet rumores sobre um suposto término do contrato da Rede Globo com a empresa holandesa Endemol-detentora dos direitos de propriedade sobre o reality show Big Brother, o programa de entretenimento conhecido mundialmente foi produzido este ano a sua 12ª edição no Brasil. Não é preciso ser um expert em TV para deduzir que existe uma regra elementar nas emissoras quando o assunto é permanecimento de programas: é necessário dar uns pontos interessantes no ibope. Um exemplo clássico é a presença interminável do humorístico mexicano Chaves na grade de programação do SBT, que está no ar aproximadamente 26 anos. Se os pontos no aparelho medidor de audiência estão bons a atração continua no ar, isso independente se o seu conteúdo faz bem ou não a sociedade.

Diante dessa verdade já podemos inferir que a guerra pela audiência entre as redes de TV tem provocado a queda do nível de qualidade dos programas, deixando o tele-espectador a mercê de todo tipo de manipulação dos interesses milionários de seus produtores. As TVs brasileiras, seguindo o exemplo das norte-americanas, adotaram uma filosofia essencialmente pragmática, ou seja, se vale tudo para conquistar uma determinada colocação nas pesquisas de audiência, pode-se apelar para todo artifício carregado de imoralidade e sensacionalismo, pois isso dá certo.  Se o BBB ainda continua ocupando a mais de 10 anos todos os fins de noite dos primeiros meses, isso significa que existe um público que não apenas aprecia o ‘’conteúdo’’, mas também que o financia e que corresponde a suas necessidades de sustentação.

Tenho me debruçado ante a questão da pobreza cultural que permeia esta geração. Como professor, percebo nos alunos adolescentes uma total alienação a assuntos que deveriam ser vistos como importantes. Quando criança pude ainda desfrutar de um período histórico na televisão brasileira. É preciso salientar que nem tudo o que era exibido a 15,20 anos era de fato conveniente para ser assistido,mas a existia um admirável toque de criatividade nos programas da década de 1980.Chegando os anos 90,gradativamente todo o modelo televisivo foi submetido a mudanças estruturais. O fato é que o programa Big Brother atrai um telespectador cognitivamente formatado para não questionar o propósito da indústria do entretenimento, alguém que suprimiu seu senso crítico e absorveu na sua cosmovisão uma apreciação a tudo que remete a banalização da vida em sociedade.

O que o BBB tem feito com maestria:

1)Segundo alguns observadores até a sexta edição do programa, os candidatos eram escolhidos mediante critérios diferentes dos de hoje. Isso é verificável, pois basta comparar o perfil dos atuais participantes com os do início, para perceber o nítido contraste entre mulheres donas de casa, nordestinas e idosas para as de loiras corpo ‘’sarado’’ e morenas dentro do chamado padrão estético de beleza. O que se pretende afirmar aqui, é que o BBB é um convite à ostentação dos prazeres da sensualidade e de toda sorte de convenções passageiras que a nossa sociedade valoriza sobremaneira.

2)Tem oportunizado o questionamento é de valores aceitos como recomendáveis, entre eles, o sexo no casamento como a única forma de significação do ato, bem como a fidelidade dos namorados e a necessidade de não sermos ambiciosos pelo poder do dinheiro.

Agora como cristão, não posso conceber que um seguidor de Jesus possa estar envolvido em interesses no que diz respeito a esse programa.Somos chamados para remir o tempo e a usá-lo de maneira sábia e responsável.Assistir ao BBB ou qualquer outro espaço na TV que não acrescente informação,valores e conhecimento é perder o valioso tempo.Portanto ao invés de prender sua atenção naquilo que não lhe será proveitoso,vá ler um livro,ouvir uma música ou visitar um amigo que a um bom tempo não vê.No BBB não existe edificação da fé, porque não há valores espirituais anunciados e praticados.Não encontramos um substancial incentivo ao conhecimento, ao ensino e a propagação de uma cultura que constrói um homem solidário e consciente da realidade da vida. Pelo contrário, percebe-se que sendo um jogo onde todos desejam se tornar ricamente endinheirados,embalados pelo amor ao prazeres mundanos,onde muitos rompem com amizades feitas ali mesmo, provocando discórdias entre si e lançando sobre nossas crianças e adolescentes uma idealização da malignidade quando o que se tem em vista é somente conseguir ganhar dinheiro.


A vida não é apenas o material.O espiritual deve preceder a todas as nossas naturais aspirações.


Um forte abraço seu big brother em Cristo,Paulo César Jr.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

A fé realizadora e a nossa responsabilidade na mudança das situações



"Então eles, vendo a ousadia de Pedro e João, e informados de que eram homens sem letras e indoutos, maravilharam-se e reconheceram que eles haviam estado com Jesus." (Atos 4: 13).


A nossa ousadia em viver o evangelho de forma radical testifica perante o mundo a veracidade da fé. Normalmente nenhum ser humano inteligente assume um compromisso real com algo que não seja verificável. Por isso escolhi viver a fé de Deus. E nisto você poderá indagar: a fé é verificável?Eu digo que sim não pela fé em si mesma, mas pelo o que ela faz e gera naqueles que a possuem. Fé é como a energia elétrica em um fio encapado, você não a vê, mas existe uma força invisível dentro do conteúdo daquele fio que é capaz de ligar qualquer aparelho que tenha necessidade de sua operação.  Quando temos a fé verdadeira, geramos na mesma intensidade obras de justiça verdadeiras. A fé operacionaliza todo ministério da piedade. A fé aciona a maquina produtora de sonhos e ativa em nós o desejo por fazer os outros conhecerem a verdade. Quem vive pela fé expressa em obras ousadas a certeza de que todas as coisas estão sob o comando daquele vive e reina eternamente. A radicalidade do evangelho acontece quando as nossas ações tornam-se regidas pela fé, visando em todo tempo agradar a Deus na expressão graciosa do seu amor. Cristãos cuja fé está inativa não conseguem superar suas limitações. Muitas igrejas estão desestruturadas e doentes pelo descuido da não instrumentalização da fé:

                   
              “De sorte que as igrejas eram confirmadas na fé, e cada dia cresciam em número.” (Atos 16: 5).

O crescimento numérico faz parte dos planos de Deus para as igrejas locais. A promessa feita a Abraão de fazê-lo pai de multidões inumeráveis ainda pulsa no coração de Deus. É inconcebível ver como algo natural a situação de igrejas urbanas com quarenta, cinquenta anos de organização estagnadas em 100,200 membros. Conheci em minha cidade uma comunidade evangélica que não recebe simpatia e aceitação das pessoas de seu bairro. Eu ficava perplexo por ver os moradores não a verem como igreja e sim um clube social, onde existem apenas reuniões de confraternização entre um grupo seleto de pessoas exclusivas. Depois de um tempo refletindo essa situação, pois eu estava naquele meio e desejoso de fazer algo, Deus me mostrou que aqueles cristãos não exercitam a fé para ser igreja. Aquele ambiente era nocivo para a sustentação da fé que recebi e como busco incessantemente viver o progresso da carreira espiritual, imediatamente após essa percepção da realidade me desliguei daquela instituição. Eu creio que caso fizessem uma ativação dos recursos espirituais outorgados pelo Pai estariam sedentos por ver conversões diárias. A inativação da fé tirou-lhes o amor pelos perdidos e permitiu que o comodismo se instalasse em suas vidas, impossibilitando todo sucesso.  É evidente que todo acréscimo sadio no número de discípulos é uma resposta divina às ações evangelizadoras desempenhadas em fé pela comunidade no seu campo de atuação.

Pedro e João foram reconhecidos no seu tempo, pelo caráter ousado de suas pregações e pelo estilo apaixonado de ser viver a vida conforme o padrão de Cristo. O ministério dos primeiros discípulos era frutífero por que havia neles a força impulsionadora que provém da fé. E essa fé impressionava a sociedade e fazia os homens incrédulos crerem na possibilidade de que tudo aquilo que lhes era anunciado seria de fato algo verdadeiro, pois em Pedro e João existia uma brilhante ousadia. Se você crê em Cristo como o Senhor ressuscitado isso lhe é por sinal que já tens uma medida de fé suficiente para mover uma montanha. E esse poder Deus não concedeu a todos os homens (II Tessalonicenses 3: 2), mas entregou na mão dos eleitos e deu-a a você como um presente de Natal. Ele compartilhou contigo de sua essência criadora:

"Pelas quais ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que pela concupiscência há no mundo." (II Pedro 1: 4).

Portanto nada pode ser impossível para você. Mediante a incorporação da fé realizante, Deus lhe transforma em um destemido aventureiro vencedor. Olhe para as circunstâncias que lhe cercam e veja se sua fé leva-te a ter atitudes corajosas. Se não, agora é o momento oportuno para ativá-la pela submissão da mente a explicação da palavra bíblica que a gera no coração. Através da fé, você encontrará no caminho da vida todas as soluções necessárias para os desafios que lhe sobrevirão. Paulo disse em sua segunda carta a Timóteo que recebemos um espírito de coragem e não de medo (II Timóteo 1: 7). De acordo com o estudo da língua grega, o idioma utilizado para escrever as cartas, o apóstolo referiu-se a mente humana quando escreveu o termo espírito de coragem. Portanto encha sua mente de pensamentos positivos e expulse de lá todo medo, pois a ação desse sentimento é paralisante e se você está em Cristo, não há porque temer, já que existe um trajeto de vitórias para você seguir. Mas lembre-se é preciso se atrever a crer no impossível e arriscar sempre. Com certeza quando estamos para agir em fé muitas vozes dissonantes se amontoa ao nosso redor, tentando nos dissuadir da vontade de vencer ou do passo importante que estamos para dar. Então, precisamos pôr o capacete da salvação para proteger a nossa mente de toda racionalização contrária ao princípio que recebemos. Como colocar o capacete?Agindo em fé resistindo a toda idéia negativa. Quando alguém lhe disser que o seu sonho é impossível ou que aquele emprego ambicionado, que é tão bem remunerado é difícil de conquistar não retenha tais palavras no coração. Rejeite toda sugestão que não promova a sua felicidade. Lembre-se na hora da afronta o que palavra de Deus diz sobre você e confesse o contrário do que ouviu, anulando as declarações opostas. Nós temos a mente de Cristo! Temos uma perspectiva muito mais ampla do que seja a vida, estamos progredindo no conhecimento dos propósitos de Deus, distinguimos os meios para realizar os nossos projetos e andamos pelas ruas com uma postura ereta,posicionados como atletas que ostentam suas lindas medalhas.

TOME NOTA:

1)Ousadia é a característica principal dos vencedores. Sem ousadia não podemos completar a carreira que nos está proposta. Temos a mente de Cristo, a mente corajosa, que enfrenta os percalços da existência sem titubear. Vencemos pelas armas da fé e a principal virtude dos fortes é a sua invulnerabilidade a toda insinuação que comprometa a felicidade. Nascemos para vencer e viver em prosperidade, somos obra da perfeição de Deus. Jesus levou todo sofrimento dos homens na cruz, para que eles pudessem desfrutar das maravilhas que primeiramente estavam destinadas a Adão e Eva.

2)Ouse crer no agora e tenha esperança para o amanhã. Tais atitudes aliviarão a sua bagagem. Saia do conformismo e atente-se para as promessas que Deus nos deu (há mais de 7.000 promessas na Bíblia!).

3) Todas as manhãs ore agradecendo pela sua vitória almejada,visualize como será a conquista e apresente tudo isso a Deus. Também é importante declarar três vezes ao dia a realização do que você anseia por ver. Chame à existência as coisas que ainda não são. (Como está escrito: Por pai de muitas nações te constituí) perante aquele no qual creu, a saber, Deus, o qual vivifica os mortos, e chama as coisas que não são como se já fossem. (Romanos 4:17)

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Seja livre para cear com o Senhor da graça


‘’Então diz aos servos: As bodas, na verdade, estão preparadas, mas os convidados não eram dignos. Ide, pois, às saídas dos caminhos, e convidai para as bodas a todos os que encontrardes. E os servos, saindo pelos caminhos, ajuntaram todos quantos encontraram, tanto maus como bons; e a festa nupcial foi cheia de convidados’’.

        Em 2009 tive que tomar uma decisão muito séria. Mas hoje vejo que agi como Abraão. Deixei a comunidade local, onde eu construíra a minha vida ministerial para dar início a um novo tempo, onde eu pudesse respirar ares de liberdade. Parti iniciando uma nova peregrinação. Neste tempo conheci uma igreja que se intitula herdeira da reforma de João Calvino. Ali ‘’armei minhas tendas’ ’mas em pouco tempo percebi que os habitantes daquele território eram hostis a minha presença. Apesar de todas as incongruências daquele sistema religioso, sabe o que mais me impressionava? Eram os dois períodos mais angustiantes que eu suportava na liturgia do culto evangélico-reformado desta ‘’igreja’’: Quando se dava o momento das músicas e por costume, cantava-se mecanicamente uma canção alusiva à prática do amor ao próximo e a flagrante ausência da verdadeira comunhão entre eles ao celebrar a santa ceia. Mesmo eu não sabendo ao certo o porquê da insatisfação no meu espírito, hoje sei que era a revelação da simplicidade de ser a igreja de Jesus na liberdade de sua graça. No mais íntimo do meu ser, era ciente de que o institucionalismo denominacional é uma deturpação da vida prática da Igreja, que nada tem a ver com a Igreja bíblica, com a comunidade da fé, mas eu abafava esse calor revolucionário com as cobertas do conformismo. Com o passar do tempo, essa verdade transformadora já estava de tal modo enraizada em meu ser, que os conflitos naturalmente surgiam. Quando ao ler a Bíblia desteologizadamente, as escamas da religiosidade caíram e ao analisar o procedimento dos primeiros cristãos, a conduta inclusiva e fraterna que tinham, os ensinamentos de Paulo sobre a vida igualitária em comunidade, a ênfase de João no tocante ao amor verdadeiro, não percebia relação alguma com o que conhecia e o que chamava de igreja com a revelação relacional dos crentes do novo testamento. Tenho pena dos jovens que congregam naquele lugar de falsidade, jovens sem senso crítico, imaturos, tomados por um conformismo mórbido, com uma falta de percepção das verdades espirituais, vão engolindo ‘’guela abaixo’’todos os impropérios que lhe são apresentados nas pregações dos líderes fariseus.
     À medida que o meu entendimento era iluminado, foi se desencadeando em mim um desconforto diante do cerimonialismo reinante naquela congregação quando se celebrava a ceia do Senhor. Hoje já desvinculado do denominacionalismo, caminho sem as viseiras doutrinárias, percebendo o quão é grande a bondade do Senhor, o quanto Ele deseja revelar a liberdade da graça e da verdade aos seus filhos.
          A primeira obra de iluminação veio a mim, em meados de 2004 quando me convenci que a Ceia do Senhor poderia ser celebrada nos reuniões dos grupos pequenos nos lares, em total consonância com os ensinos do Novo Testamento. Depois descobri, pelo entendimento do pacto da aliança, que os filhos dos crentes são convidados para junto de seus pais, a comemorarem a morte e ressurreição de Jesus na Ceia. Afinal se os nossos filhos são recebidos como participantes da benção da aliança, não podemos impedi-los de desfrutar dos benefícios visíveis da vida em Cristo. Mais adiante compreendi que a maneira como a Ceia é celebrada nas denominações evangélicas, é completamente diferente do sentido para qual fora estabelecida. A Ceia do Senhor como o próprio nome já diz deve ser uma refeição comunitária. Se assim não fosse não faria sentido Jesus tê-la estabelecida na páscoa e como continuação do caráter sacramental desta festa em uma definição mais ampla. Isso todo teólogo sabe muito bem.  O que muitos não percebem é que a Ceia demoninacional está impregnada de julgamentos farisaicos e que produz por esses insuportáveis conceitos legalistas, um ideal de celebração estranha ao que a Bíblia nos apresenta. Vejamos quais são eles:
     
                                              1)OS ELEMENTOS DA CEIA:

Creio que a Ceia do Senhor é uma refeição comum dos filhos de Deus, baseio-me conforme os escritos bíblicos e históricos que não me deixam mentir.A atual Santa Ceia(para presbiterianos)ou Ceia do Senhor(para batistas) foi  denominada na igreja primitiva como ‘’Festa Ágape’’. Ágape é uma das palavras gregas para o amor, esta palavra indica nas escrituras sagradas em especial no Novo Testamento, o banquete fraternal. No século II Plínio passou a anunciar a santa ceia sem o ágape, tal pensamento foi ainda reforçado por Cipriano, desde esta época esta demonstração de fraternidade começou ser deixada de lado. Os cristãos primitivos tinham por costume realizar refeições comunitárias onde a igreja cristã se reunia. Cumpria-se a risca os mandamentos de Nosso Senhor Jesus quanto o cuidado do pobre e necessitado, durante este ato de fraternidade a igreja tinha a oportunidade de manter melhor comunhão, não somente espiritual, como fraternal, pois havia melhor contato dentre os membros do corpo de Cristo. As pessoas literalmente usavam de amor, cuidando ainda dos mais pobres, sentando-se com eles em condições de igualdade e demonstração de amor ao próximo; em Judas 1.12 a refeição fraternal é chamada “vossas festas de amor” ou “banquetes de caridade”. O Ágape era realizado numa mesa, iniciado com uma benção, onde se comia com disciplina, evitando razão de escândalo e queda (1 Cor 11) sendo encerrado com a lavagem de mãos e um cântico de ação de graças, acerca dele falou Tertuliano na apologética sobre clima dessas reuniões: “Nelas come-se a quantidade da sua fome. Bebe-se o quanto convém a pessoas sóbrias. Sacia-se o apetite como homens que, mesmo à noite, lembram-se que devem adorar a Deus. Conversa-se como homens que sabem que Deus escuta.” As primeiras igrejas reuniam-se quase sempre nas casas de seus membros, mantendo maior fraternidade, ou seja, havia além da comunhão espiritual a comunhão fraternal, vivendo como uma família acolhedora, onde todos se conheciam – Atos 2.46: E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam com alegria e singeleza de coração...Os ágapes eram verdadeiras lições de amor e exemplo para os cristãos e para os de fora - “Depois cada um vai embora, não como bando de assassinos, ou grupo de vagabundos, ou turma de libertinos, mas com o mesmo cuidado da modéstia e do pudor, como pessoas que à mesa mais do que comida tomaram uma lição.” Tertuliano, Apologético 39.Tendo esse entendimento sobre os aspectos que envolvem a Ceia do Senhor não podemos resumi-la a um simples momento onde individualmente os cristãos comem um pedaço minúsculo de pão de forma e bebem um copinho de suco de uva. A religiosidade do cristianismo retirou da Ceia o seu caráter festivo e comunitário e a transformou num ritual impessoal.Em Atos 2 lemos que a igreja ao celebrar seus ágapes o faziam em singeleza de coração e com toda a alegria que convém aos santos. Como refeição, a Festa do amor ou partir do pão, deve ser celebrada com toda propriedade que lhe é devida, ou seja, como mais que um almoço ou um jantar,e sim um tempo de partilha,onde todos são convidados a trazerem de casa seus alimentos como declaração de gratidão a Deus e amor aos irmãos.Em um dado momento oraremos,daremos graças a Deus e em unidade expressaremos a natureza sacramental da celebração com os dois elementos.Outra questão importante a ser tratada é sobre o ascetismo na Ceia ou seja a substituição do vinho pelo suco de uva.A liderança das igrejas evangélicas na sua falta de discernimento da verdadeira liberdade,instituíram regras morais com a inútil finalidade de coibir seus membros a uma vida de desequilíbrio.É obvio que não existe nenhum versículo bíblico que desaprove o ato moderado de beber.Para quem conhece o evangelho da graça,isso é uma questão bem resolvida.É inegável que em todas as partes na bíblia que mencionam algo sobre a ceia,o vinho está presente.Paulo relatou que na ceia da Igreja de Corinto havia embriaguês pela falta de moderação e em momento algum proibiu o uso da bebida nas festas da comunidade.Jesus bebeu vinho com seus discípulos e escolheu esta bebida fermentada para simbolizar seu sangue,como a fonte de alegria para as nossas almas. O ideal é que uma igreja local realize dentro de seu costume, pelo menos uma vez por mês o Ágape como a expressão máxima da vida comum dos crentes e também como um testemunho autêntico do caráter amoroso dos que estão batizados no corpo, atraindo para a evangelização os que não estão ligados a esse mover de comunhão.



                                                      2)  O INTENSO CERIMONALISMO



 É importante deixar bem claro, que não é a minha intenção uniformizar a celebração da Ceia ou regulamentar sua forma de observação, mas apenas, com base na Bíblia esclarecer aos amados um posicionamento que acredito ser a expressão prática neo-testamentária e digna de toda confiança para ser ensinada e vivenciada no encontro dos irmãos em torno do nome de Jesus. Quando me encontrava emergido na realidade denominacional, via os elementos servidos pelos presbíteros e os comungantes participavam do sacramento em questão de segundos. Não havia tempo sequer para um membro olhar para o outro e pensar em declarar o amor de Jesus. Quando despertado do sono religioso,já compreendendo a necessidade de restaurar a natureza do ágape,e ao ver a igreja observar o memorial de Cristo de forma ordinária, sem as evidencias de quebrantamento, reconciliação, liberação de perdão e espiritualidade,não consegui suportar tamanha superficialidade.Há de se mencionar que todas as celebrações eucarísticas são liturgicamente iguais entre eles. Meticulosamente é cumprido o ritual e os comungantes voltam para seus lares da mesma maneira que entraram no recinto. Amados a vida da igreja é a expressão devocional em espontaneidade. A petrificação das ações litúrgicas adoece as comunidades evangélicas. Voltemos à simplicidade do evangelho, a pureza em cultuar comunitariamente sem se preocupar com sistemas de liturgia, vale a pena infringir a liturgia denominacional em nome da liberdade do Espírito. Façamos como os primeiros discípulos de Jesus que comeram as espigas de trigo no dia de sábado sem a preocupação religiosa de estarem descumprimentos preceitos cerimoniais.

                                          3) A EXCLUSÃO DE MEMBROS ''PECADORES'':


Outro fator que merece destaque é a proibição para certas pessoas na participação dos elementos com base na sua pecaminosidade. Pense bem, se atentarmos para a realidade do pecado nas nossas vidas seremos eternamente impedidos de comungar dos sacramentos. Se estabelecermos que somente os puros, os intocáveis serão dignos de celebrar o memorial da morte do Senhor, certamente não haverá lugar para ninguém, a começar pelos pastores que constantemente agem imprudentemente com suas ovelhas. Segundo Paulo em I Cor 11 o que pode levar uma pessoa a ser réu do corpo e do sangue de Cristo é a sua falta de discernimento do corpo espiritual, que é a Igreja e não a realidade das nossas fraquezas ou erros cometidos. Pelo contrário, a Ceia do Senhor é preparada para fortalecer a vida espiritual dos que andam vagarosos, visto que para se assentar a essa mesa só é necessário crer e professar a fé entregue uma vez aos santos. Quantas atitudes reprováveis presenciei naquela comunidade. Lembro de um domingo pela manhã, quando o pastor anunciou publicamente, em alto e bom som que uma irmã estaria submetida a um processo disciplinar devido a prática de fornicação.A partir de então, a jovem disciplinada pelos presbíteros fariseus teve por constrangimento que se ausentar da Ceia por um determinado período, como se o perdão de Deus que é instantâneo não fosse suficiente para reconciliar a pessoa a comunidade dos eleitos.Na primeira celebração da ceia do Novo Testamento havia alguém digno para sentar-se a mesa com o Senhor Jesus?Judas o traidor era digno?Pedro o inconstante passaria pelo crivo das igrejas evangélicas? Em ambientes onde existe a ilusória idéia de santificação total no parâmetro religioso, o vírus do farisaísmo e da hipocrisia se multiplica velozmente, fazendo com que o redil se torne um lugar insuportável para quem almeja ser tratado baseado na graça de Jesus. O interessante nessa história, é que, do ponto de vista do evangelho, quem estava impossibilitado de comungar seria todos os que vissem aquela jovem como pecadora. Quem não discerne que no corpo existem membros enfermos não pode provar dos elementos da Ceia. Quem não enxerga o outro reconciliado por Deus em Cristo estará em trevas, por que o princípio básico para uma comunidade ser igreja de Cristo é viver inclusivamente. Era esse o problema da igreja em Corinto, os ricos ceavam primeiro, degustavam as melhores comidas e os pobres por último tinham que se conformar com o restante das migalhas dos ricos ou mesmo celebrar a ceia com seus alimentos simples. Por isso Paulo repreende uma ala da igreja, exortando-os a esperarem os outros, para que todos expressassem a multiforme graça em ordem e amor.

Que venhamos a ser a igreja que proclama o amor como a bandeira do evangelho.
No favor imerecido de Deus,

Discípulo Paulo César Jr.