sexta-feira, 9 de julho de 2010

Será que sem saber você vive um outro evangelho?

Graça e paz da parte de Deus Pai e do nosso Senhor Jesus Cristo, o qual se deu a si mesmo por nossos pecados, para nos livrar do presente século mau, segundo a vontade de Deus nosso Pai, ao qual seja dada glória para todo o sempre. Amém. Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho; O qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema. Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema. (Paulo aos Gálatas 1:3-9)



Embora creiamos que existe somente um evangelho que ó da graça de Deus, o qual está além das quatro biografias canônicas do Messias e que é anunciado desde a eternidade, Paulo classifica a deturpação do evangelho como outro evangelho. Essa deturpação é tão por deveras sutil, que arregimenta com facilidade aqueles que gostam da diligencia a uma suposta sã doutrina. Por ser altamente rigoroso e ascético; exerce nos ávidos pela aparência de espiritualidade o poder de afirmação. Por isso atrai os ditos religiosos, sem eles mesmos darem conta de que isso os leva a um caminho de frustração, pois a própria vida se encarrega de ensiná-los, por meio de problemas existenciais, que o legado de aparências puritanas é efêmero, posto que não haja nada oculto que não irá se revelar. Voltando a questão do pseudoevangelho, é imprescindível ressaltar que a sua essência se contrapõe a profundidade do Evangelho da Graça. Então, qualquer ensino ou norma eclesiástica exclusiva que negue o princípio do ministério reconciliador universal de Jesus é um outro evangelho. Qualquer exercício religioso sacrificante que tem por motivação o fazer por merecer a graça imerecida de Deus com suas bênçãos inefáveis é o um outro evangelho. Toda sacramentalização de usos, costumes, liturgias e tradições denominacionais visando à distinção de cristãos e pagãos é um outro evangelho. Pois todas essas coisas por mais excelentes que possam parecer, por mais lógicas e razoáveis, considerando os aspectos disciplinares que venham dar e por mais evangélicas que sejam não serão capazes de proporcionar ao homem a edificação de Cristo em seu espírito. Somente na liberdade do evangelho genuíno recebemos o aperfeiçoamento que o Pai deseja estabelecer em nossas vidas. Portanto toda coerção ou padronização comportamental evangélica não condiz com a identidade cristã do discípulo. A nossa característica distintiva é o evangelho da graça e não códigos normativos. O diferencia o cristão no mundo, o sal da terra é a sua insistência em amar cada ser humano, é a infindável capacidade espiritual de perdoar os ofensivos e dar aos que erram uma segunda chance de reescreverem suas histórias. Esse evangelho da graça é a manifestação ativa do amor reconciliador de Deus pela humanidade, encarnada em Jesus e expressada pelo Espírito Santo na igreja. Na época de Paulo, o outro evangelho era a tentativa de alguns judeus pretensamente convertidos em impor aos gentios cristãos, como questão de salvação, as práticas cerimoniais da Lei mosaica, em especial a circuncisão. Paulo ao escrever sua carta, foi direto ao assunto. Ele ficou deslumbrado de tristeza ao ver que aquelas pessoas, eternamente salvas pela graça de Deus, mediante a fé que justifica sem as obras da lei, foram imediatamente ludibriadas pelo discurso dos judaizantes e por isso estavam dispostas a cometer o erro de calcar o sacrifício da cruz, negando explicitamente a eficaz liberdade conquistada por Jesus. A maioria dos cristãos deliberadamente escolheram trilhar o caminho de uma vida penitencial e legalista por desejarem recompensar a Deus. Isso é inaceitável!Isso é fruto da altivez humana e o evangelho da graça mostra o homem como alvo das bênçãos de Deus por pura e simples misericórdia. As suas devoções, as suas diligentes orações, as ações de caridade, a assiduidade a reuniões da igreja não poderão compensar os benefícios distribuídos por Deus e nem poderão ser a motivação para o cumprimento de qualquer prática piedosa. É difícil para a o homem aceitar, mas a verdade é que Deus como soberano outorga gratuitamente bênçãos sobre maus e bons. Sim, é impossível para o homem fazer por merecer. E Jesus ao proferir a parábola dos trabalhadores da Vinha (Mt 20) nos mostrou essa realidade. Creio que Deus se entristece ao ver que no coração de seus filhos existe o medo de não fazer e ser punido ou o desejo de fazer para conseguir a realização de ambições pessoais. Deus quer que vivamos na casa da segurança e não do temor. E os Gálatas aceitaram as propostas dos judaizantes por causa da insegurança que tinham em relação ao evangelho da graça que ouviram de Paulo. Para vivermos uma vida cristã frutífera é preciso que estejamos fundamentados na segurança da graça divina. E o que nos dá a segurança da misericórdia de Deus diante de nossa inabilidade em obedecer perfeitamente seus mandamentos é o evangelho da graça. Deus quer que abracemos esse evangelho não por causa do céu ou dos milagres que faz, mas sim pelo prazer de viver sob a realidade de seu amor. Para concluir, é importante estarmos certos de que, todo ensino que não esteja em conformidade com o princípio da graça é um outro evangelho. Sejam as rejudaizações, as barganhas com Deus, os sacrifícios financeiros com dízimos e ofertas, a imposição de usos e costumes, tradições denominacionais e padronizações comportamentais, seja qualquer prática ascética ou imposição visando uma santidade moral, novas revelações, profecias, modismos, o princípio aprendido é que não podemos abrir mão do tesouro que recebemos. Essa é a garantia da paz nos nossos corações e a plenitude do desejo do Pai para os homens, o evangelho de sua graça para a glorificação de Jesus.

Um caloroso abraço.

No amor d´Ele.

Paulo César Júnior.